Os exames analíticos entretanto efetuados mostravam anemia normocítica e normocrómica (hemoglobina: 10,1 g/dL) e velocidade de sedimentação (VS) de 41 mm na 1.ª hora; tinham sido realizadas ecografia abdominal (sem alterações relevantes) e endoscopia digestiva alta que revelou duodenopatia erosiva. Perante uma dor abdominal arrastada e incaracterística,
que se localizou na FID, sem relação com os hábitos intestinais, cursando com astenia e perda de peso, sem dados positivos relevantes no exame objetivo, e atendendo à idade da doente e à evolução insidiosa do quadro clínico, havia a considerar a neoplasia do cólon selleck como hipótese de diagnóstico. Tendo em conta a anemia, a moinha na FID e a perda de peso, bem como a ausência de sintomatologia obstrutiva, de queixas proctológicas e de perdas hemáticas visíveis, a localização à direita seria mais provável. Embora improvável, o linfoma intestinal seria outra possibilidade
diagnóstica dada a idade, a evolução indolente do quadro e os antecedentes pessoais, sabendo-se que há risco aumentado de linfoma em doentes com AR medicados com metotrexato durante longos períodos1, 3, 4 and 5. Havia um passado de cirurgia por adenocarcinoma do endométrio com radioterapia. Este tumor costuma ter um bom prognóstico. A recorrência, pouco frequente6, Selleck Obeticholic Acid surge nos três primeiros anos, com metrorragia, corrimento vaginal, dor abdominal nos quadrantes inferiores e perda de peso, sendo, pois, pouco provável. Havia ainda a considerar as hipóteses de complicações tardias da cirurgia e da radioterapia, nomeadamente a presença de bridas e de enterite rádica crónica. A ausência de episódios oclusivos excluía a presença de bridas, mas a enterite rádica crónica, que atinge 5 a 15% dos doentes irradiados7, pode surgir anos depois da exposição: quando a irradiação atinge a região rectosigmoideia causa hemorragias, mucorreia ou queixas proctológicas; se é lesado o íleon pode causar oclusão, diarreia ou malabsorção. Nenhuma destas manifestações
era evidente. No diagnóstico diferencial havia também a considerar doenças funcionais, inflamatórias e infecciosas. A doente tinha perda de peso e não referia Olopatadine alteração dos hábitos intestinais, não apresentando critérios para o diagnóstico de Síndroma do Intestino Irritável8. A doença de Crohn (DC) devia ser considerada: a moinha localizada na FID, a perda ponderal, a astenia, as alterações analíticas (anemia de doença crónica, aumento da VS) e a pobreza de achados objetivos apoiavam esta hipótese. Acresce que a doente tomava imunossupressores, os quais poderiam ter atenuado sintomas ou moderado a atividade da DC. A possibilidade de causa infecciosa era improvável pela ausência de febre e de alterações dos hábitos intestinais.